Me pediram que escrevesse sobre traição...
Assunto espinhento esse. Talvez espontaneamente eu jamais me interessasse por ele. À despeito de observar na vida e tão amiúde nos romances, atos de traição, infidelidade, adultério, não seriam tema pra minha avaliação, não fosse o pedido. Talvez porque tal conteúdo esteja embrenhado em minha sombra, nos porões da minha alma? Talvez. Não posso assegurar. Mas vamos ao desafio. Vamos não, não é "cara pálida", lá vou eu, nessa incursão, excursão...
A importância do outro na traição é fato. Drummond tinha razão, pois do ponto de vista de implicação, comprometimento, cumplicidade, investimento na relação, a importância do outro é , fundamental.Sim. Porque muitas vezes, senão sempre, é muito mais cômodo, apontar do dedo para o outro, e não perceber que não se percebia do outro, os sinais. Sinais de arrefecimento, sinais de abandono, de rejeição, de descontentamento, de afastamento... E não percebia, por quê? Há uma série de perguntas que o traído precisa se fazer.
Nietzcshe, pode nos ajudar em tais respostas, disse ele;"Pode-se prometer ações, mas não sentimentos, pois estes são involuntários. Quem promete a alguém amá-lo sempre ou odiá-lo sempre ou ser-lhe sempre fiel, promete algo que não está em seu poder; o que pode perfeitamente prometer são ações que, na verdade, são geralmente em conseqüência do amor, do ódio, da fidelidade, mas que também pode provir de outros motivos, pois a uma só ação conduzem diversos caminhos e motivos."
Eu penso que traição só há em relação a si mesmo.
Mas não trair a si mesmo pode sim implicar em sofrimento ao outro. E isso ocorre, quando nos faltam dados de nós mesmos; não sabemos quem somos, o que queremos, e nos comprometemos com o outro sem sabermos que não daremos conta de tal compromisso.Se fazemos pacto de fidelidade, e nem sequer sabemos o que seja ser fiel a si mesmo, trairemos; a nós, ao outro e ao nosso propósito.
Ao abrirmos brechas para que um outro entre para preencher lacunas que poderiam e deveriam ser preenchidas por nós mesmos, e culpabilizamos alguém, imputando a ele a responsabilidade pela traição, além de infantis, e irresponsáveis, estamos também, abrindo mão de nossas certezas, nossas verdades mais caras, e nos traindoe nesse exercíco de inconsciência pode chegar alguém que nos complemente, nos preencha, nos eleve, e, nos traia. Azar nosso.
Miriam, vc como sempre me inspira e me ajuda a compreender o comportamento humano em suas formas variadas, e com isto, aprendo a me respeitar de forma incondicional e a aceitar da mesma forma as fraquezas que assombram a humanidade, como parte caracteristica de sua existência. Bjs e super obrigada pelo texto bem elaborado e com seu toque bem pessoal sobre "Traição". Vera
ResponderExcluirE se vc namorar uma ex-garota de programa? Ou um ex ? Daria para confiar e dormir sossegado?
ResponderExcluirpode chegar alguém que nos complemente, nos preencha, nos eleve, e, nos traia. Azar nosso.
ResponderExcluirComo dizia Vinicis "todo amor que nao compensa, é melhor que a solidão". Preclara doutora: 'Taí uma interior "Sombra que não me assombra".