segunda-feira, 4 de maio de 2015

Convite ao mau humor

                                   
                                                       




                                          


Acordo, levanto, tomo meu café da manhã, raramente de mau humor.

Saio e já no elevador encontro gente falando mal da vida. Às vezes prefiro as escadas,não encontro ninguém, mas quando encontro algum vizinho colocando o lixo pra fora, ele também coloca seu lixo interior e fala mal da vida, do lixo, da escada...

O porteiro junto com o "Bom Dia!!!" me dá notícias ruins: " A senhora viu isso, viu aquilo, aquilo
outro?"

Sigo incólume a minha aula de Pilates. Maravilhosa! E o que as pessoas fazem, além dos exercícios?

Falam mal da vida; falam de doenças e violências, e sonhos ruins, do clima que está péssimo - qualquer que seja!

Volto, passo pela padaria, pelo açougue, pela costureira, dependendo da necessidade diária e sempre encontro alguém reclamando, me oferecendo um "Mau Dia", disfarçado no cumprimento.

Tento convencer do contrário. Mas quem olha a vida com maus olhos, como me verá?

E assim o dia segue seu curso; o médico, o dentista, a recepcionista falam mal de outros seres humanos, das contingências, do governo (aí até eu meto o pau - ninguém é de ferro!).

Difícil um sorriso.

Não posso ser catalogada como uma Poliana (ainda a leem?) que enxerga tudo através de óculos cor de rosa, mas acredito que ser feliz é exercício diário. Ao tomar meu café da manhã, muitas vezes estou com dores, o sono da noite não foi perfeito, há coisas pra pagarrrrrr. Mas procuro sentir o cheirinho do pão, o aconchego da cozinha limpa, a flor que eu mesma me dei no dia anterior, sentir os grãos do pão.

Converso, apesar do espanto dos meus filhos, comigo mesma, e respondo, e sorrio, e rio.

Vou pra vida com a alegria possível e apesar de toda adversidade, ninguém vai me convencer que a vida é ruim.

Um comentário:

  1. Ótimo, e se me permite um comentário, penso que falamos demais, algumas vezes, não para convencer ninguém, mas pela angustia que o silencio traz...

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