segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Minha Mãe



Minha mãe era guerreira, lutadora, aguerrida...Como tantas são...
Dura como um diamante.
Não se deixou burilar.
Não conhecia o brilho das jóias, das vitrines. Riscava os caminhos pra nós, suas filhas.
Minha mãe era sonhadora.
Sonhava com palácios, com carruagens, festas, e perdeu a festa do dia-a-dia.
Perdeu a poesia. Só vivia a prosa cotidiana.
Não gostava de afazeres domésticos. Não nascera para tal.
Sua casa era o mundo.
Não a compreendíamos.
Não a compreendemos... E a perdemos...
A perdemos para seus sonhos, preferiu viver em seus castelos, cercada da ilusão de que podia brilhar sem se deixar burilar.
Minha mãe.
Fazia nhoque como ninguém.
Polenta, como poucos.
Leitão apenas para alguns eleitos.
Só não se nutriu...
Mãe! Que saudade me dá!!!
Sinto falta dos carinhos que faltaram, da ternura escassa e da alegria farta.
Seu trabalho foi sua vida.
Seu cansaço inexistente se perdia entre a noite e o dia.
Às vezes escapava um toque de fragilidade. Só às vezes.
Hoje ela vive, feito um brilhante enorme, no meu coração.

Por que não percebemos que a vida é fugaz, passageira, tênue, delicada?
Por que não ouvimos,  junto ao tic tac do tempo, o grito silencioso daqueles que amamos?
Por que esperamos que vozes doces acariciem nossos ouvidos, quando na verdade elas estão gritando o desespero das desilusões sombrias que lhes rondam o espírito?

Vivi com você, minha mãe, e não soube que era você mãe, que mais precisava de mãe.

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